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Marvel aposta em nostalgia para relançar Quarteto Fantástico

Com cenários inspirados em Oscar Niemeyer e orçamento bilionário, longa e elenco reforçam elo com fãs brasileiros, mas promessa de herói nacional ainda é incerta.


Fábio Borges acompanha estreia de "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos"
Fábio Borges acompanha estreia de "Quarteto Fantástico: Primeiros Passos"

Por Fábio Borges, em Hollywood.


O Dorothy Chandler Pavilion, edifício icônico do centro de Los Angeles erguido nos anos 1960, foi o cenário escolhido para a première mundial de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos. A escolha não foi acidental: a estética retro-futurista do teatro dialoga com a ambientação do longa, que recria a Nova York da mesma década. Para os brasileiros, um detalhe:  chamou  parte dos cenários do filme foi inspirada na obra do arquiteto carioca Oscar Niemeyer.


Com um orçamento que ultrapassa US$ 200 milhões, a Marvel aposta alto em mais um reboot da equipe criada por Stan Lee e Jack Kirby em 1961. 


O início do filme entrega a já conhecida origem dos heróis,  uma missão espacial que expõe quatro personagens à radiação cósmica. Em seguida, mergulha no cotidiano doméstico e nas dinâmicas familiares de Senhor Fantástico, Mulher Invisível, Coisa e Tocha Humana. A narrativa, no entanto, não demora a escalar com a chegada de Galactus, o devorador de planetas, e sua parceira, a Surfista Prateada.


Para Vanessa Kirby, que interpreta a Mulher Invisível, o núcleo familiar é o coração da trama: “Eles continuam fazendo coisas comuns, como lavar a louça. São pessoas normais.” A declaração reforça uma tentativa do estúdio de humanizar super-heróis, mas também expõe um contraste com a grandiosidade visual e o tom épico que dominam a maior parte do filme.


Brasil em pauta no tapete vermelho


A noite de estreia também foi marcada por repetidas menções ao Brasil,  um mercado importante para a Disney e tradicionalmente receptivo às produções da Marvel. Pedro Pascal, intérprete do Senhor Fantástico, aproveitou para elogiar o público brasileiro: “O Brasil tem os melhores fãs do mundo... Sinto que não estaria aqui hoje se não fosse pelo amor que o Brasil teve por Narcos, The Last of Us, The Mandalorian e Game of Thrones.”


Pedro Pascal interpreta o Senhor Fantástico em filme de heróis da Marvel.
Pedro Pascal interpreta o Senhor Fantástico em filme de heróis da Marvel.

Joseph Quinn, o Tocha Humana, recorreu ao cardápio e ao futebol para se conectar com a plateia: “Feijoada. Eu amo! E os jogadores de futebol também são incríveis.” 


Já Julia Garner, vilã Surfista Prateada, disse que, se pudesse escolher um superpoder fora das telas, seria “voar para conhecer todo o Brasil”.


Herói brasileiro: promessa ou marketing?


A possibilidade de inserir um personagem brasileiro no Universo Cinematográfico da Marvel foi mencionada mais de uma vez. Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, afirmou que “é preciso fazer essa inclusão”, exaltando os fãs do país como “os maiores e talvez os melhores do mundo”.


Kevin Feige elogia fãs brasileiros e defende inclusão de herói do Brasil.
Kevin Feige elogia fãs brasileiros e defende inclusão de herói do Brasil.

Se a promessa se concretizar, será preciso observar se a representação irá além de um aceno superficial ou se de fato trará profundidade e relevância narrativa. Até lá, a ideia funciona mais como um gesto diplomático que alimenta expectativas no público brasileiro e mantém viva a relação comercial com um dos mercados mais lucrativos da franquia. Para o produtor Mitchell Bell, um herói da América do Sul deve ser integrado ao Universo Marvel: “É só uma questão de tempo.”


Sobre o Autor:


Fábio Borges é jornalista e correspondente nos Estados Unidos desde 2009. Com mais de 3 mil reportagens em diversos países, trabalhou por 18 anos na RedeTV!, produziu e colaborou com TV Globo, Record TV, Band, SBT, UOL AOL e Revista Lounge.  É credenciado pela Motion Picture Association e Departamento de Estado dos EUA. Desde 2019, é palestrante convidado na Universidade UCLA.

 
 
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